Prazo da notificação da Prefeitura de Cavalcante para a retirada de búfalos do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga vence hoje (15)
Atendendo a denúncia ambiental feita pela Associação Quilombo Kalunga (AQK), a Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente realizou uma fiscalização no local em que houve a entrada de búfalos no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga (SHPCK) e produziu um relatório em que confirma a proibição da criação desses animais na área.
A Secretaria Municipal de Turismo e Meio Ambiente de Cavalcante (GO), Rodrigo Batista Neves, também emitiu uma notificação de 48 horas para que o fazendeiro Marcos Rodrigues da Cunha, o Marcos Búfalo, retire os animais que foram levados para a área na última semana. Trinta búfalos entraram no território kalunga e 21 foram barrados pela comunidade, que colocou a manada em um pasto temporário.
A equipe da AQK esteve no local e fez registros fotográficos e de vídeos, inclusive imagens aéreas com o drone da AQK, e foi constatado que os búfalos se encontram em uma área de alta vulnerabilidade , com muitas veredas, nascentes e campos úmidos importantes para o abastecimento de água das comunidades kalunga Vão de Almas e Vão do Moleque, onde vivem milhares de pessoas. Observou-se também que os búfalos foram colocados em local sem cercamento e o proprietário não tem a devida licença ambiental para a criação dos animais.
O relatório também constata que os animais não estão na área de propriedade do fazendeiro ainda não indenizada.
Histórico
A comunidade kalunga do Engenho II decidiu nesta sexta-feira (9), coletivamente, impedir a entrada de um rebanho de 21 búfalos no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga (SHPCK). Ontem, 30 animais foram levados para a fazenda Choco, que fica no interior do SHPCK. Conforme o regimento interno da Associação Quilombo Kalunga, que estabelece as regras de uso das terras do quilombo, é proibida a criação de búfalos no território Kalunga.
A estimativa é de que cerca de 100 pessoas que vivem e produzem nas comunidades do Choco, Buriti e Forno podem ser prejudicadas caso os animais ocupem a fazenda.
O proprietário da Fazenda Choco, Marcos Rodrigues da Cunha, conhecido na região como Marcos Búfalo, nunca morou na terra, sempre administrada por terceiros. Ele havia retirado seus animais do território em 1999 e aguardava a indenização por sua fazenda, uma das primeiras vistoriadas para desapropriação, mas que ainda não foi indenizada.
A demora para a titulação do território já demarcado aumenta a vulnerabilidade dos Kalunga frente aos fazendeiros e invasores. A atual política do presidente Jair Bolsonaro de não regularizar nenhum imóvel para quilombolas, indígenas e sem terras agrava a situação e dá margem para ações contundentes por parte dos fazendeiros.
Mais informações
Assessoria de Comunicação (whatsapp): 61.984002100