AQK solicita testagem em massa do povo kalunga para evitar propagação do vírus no território; ofícios foram enviados às secretarias municipais e estadual de Saúde

Após a confirmação na última semana de 14 casos de infecção pelo coronavírus em moradores do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, a Associação Quilombo Kalunga (AQK) enviou nesta segunda-feira (1) um ofício às autoridades estaduais e municipais de saúde em que solicita a testagem em massa do povo kalunga que reside no território. A AQK defende que a partir dos testes será possível tomar as medidas necessárias para conter a propagação do vírus na região.

O documento foi enviado ao Secretário de Estado da Saúde do Estado de Goiás, Ismael Alexandrino Júnior, e aos secretários municipais de saúde de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás.

Leia a íntegra do ofício, enviado pelo presidente da AQK, Jorge Moreira de Oliveira:

”Vimos por meio deste a presença de Vossa Senhoria, solicitar que estude a possibilidade de realizar a testagem em massa do povo Kalunga residente no território Kalunga no município de Monte Alegre de Goiás e tomar as medidas necessárias para conter a propagação do vírus, tendo em vista que 12 Kalunga das comunidades de Monte Alegre testaram positivo para Covid e outros 2 Kalunga testaram positivo na Comunidade do Vão de Almas. Informamos ainda que enviamos solicitação para o Secretário de Estado da Saúde solicitando as mesmas providências.
Na certeza de contar com a compreensão de Vossa Senhoria e na certeza de que seremos atendidos, aproveitamos a oportunidade para reiterar votos de estima e consideração.”

Neste domingo, a AQK havia divulgado uma nota em que explica as ameaças do coronavírus para o povo kalunga.

Leia a nota:

Primeiros casos de infecção por coronavírus no território Kalunga são confirmados

É com pesar e preocupação que a Associação Quilombo Kalunga (AQK) comunica o confirmação de 14 pessoas infectadas pelo coronavírus no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga. Os casos foram confirmados esta semana por meio de testes realizados pelas secretarias municipais de Saúde de Cavalcante e Monte Alegre (GO). Foram confirmados 12 casos na comunidade kalunga de Monte Alegre e 2 casos na comunidade Vão de Almas, em Cavalcante.

O presidente da AQK, Jorge Moreira de Oliveira, alerta para a vulnerabilidade do povo kalunga, que enfrenta dificuldades sérias de acesso a serviços de saúde e pede atenção especial do poder público para garantir a saúde da população.

“Pedimos que o governo federal e o governo estadual apoiem as prefeituras dos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás para a melhoria das estradas da região. Diante da pandemia, o problema da qualidade das estradas se tornou ainda mais grave, pois dificulta e até impede o acesso dos kalunga aos serviços de saúde. Também aguardamos ansiosos a chegada da vacina para o nosso povo”, declarou.

A Associação ressalta a urgência da implementação, pelo governo federal, de um Plano Nacional de Enfrentamento à pandemia de Covid-19 voltado para a proteção das comunidades quilombolas, conforme determinado na última terça-feira (23) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

A decisão foi uma resposta à ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) nº 742, ajuizada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e julgada esta semana. O governo federal tem 30 dias para apresentar e implementar o Plano.

A Associação também pede que todos os kalungas redobrem os cuidados para não se contaminarem, usando máscaras e álcool conforme orientação das autoridades sanitárias, e evitando aglomerações e deslocamentos desnecessários.

Mais informações:
Assessoria de comunicação – (61) 98400.2100

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