Curso de apicultura para os quilombolas Kalunga tem reserva de 50% das vagas para mulheres
A Associação Quilombo Kalunga (AQK), com o objetivo de desenvolver uma economia agroextrativista diversificada no território, organizou a capacitação de 16 jovens quilombolas em apicultura. O curso aconteceu entre os dias 26 a 30 de outubro, na cidade de Niquelândia, em Goiás.
A iniciativa deve gerar resultados em cerca de um ano e tem potencial para andar ao lado do turismo de base comunitária, uma das vocações do povo kalunga. A atividade turística no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga foi interrompida este ano devido à pandemia do coronavírus.
O curso resultou na construção de oito apiários com pequenas unidades de extração de mel. O projeto focou na geração de autonomia para os quilombolas, especialmente os que se encontram em áreas isoladas e de difícil acesso, onde a energia elétrica, até hoje, não chegou.
“O mel é um produto que você pode conservar por até dois anos; ele não pode ser refrigerado, senão estraga. Esse projeto veio atender comunidades abandonadas pelo poder público”, explicou Manoel Júnior, do Instituto Tiradentes.
A capacitação formou jovens multiplicadores e destinou 50% das vagas para mulheres, priorizando a equidade de gênero como forma de promover a autonomia de renda para esse grupo. Sirleia Torres, 28 , conta que a capacitação é bastante importante para que ela encontre oportunidades financeiras.
“Agora vou ampliar as minhas possibilidades no mercado de trabalho. A cada dia aprendo mais sobre a apicultura; tem sido uma experiência incrível”, afirmou a jovem.
“A desigualdade de gênero é uma realidade dentro dessas comunidades. É a mulher quem organiza a casa e os plantios, mas a renda fica toda com os homens. Então, esse curso prioriza que elas possam ter mais autonomia”, declarou Manuel.
Sobre a Associação Quilombo Kalunga e o CEPF Cerrado
A Associação Quilombo Kalunga é uma organização civil, sem finalidade econômica, fundada em outubro de 1999. Representa o maior território de quilombo no Brasil, com 262 mil hectares de terras. A AQK defende os interesses dos moradores do Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga (SHPCK), que abrange os municípios goianos de Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás.
O projeto, fomentado pelo Fundo de Parceria Para Ecossistemas Críticos (CEPF Cerrado) e com apoio do Instituto Internacional de Educação do Brasil, tem como objetivos conhecer com profundidade a realidade das comunidades Kalunga, usar a tecnologia de geoprocessamento para mapear detalhadamente o território, promover a ocupação do SHPCK de uma forma mais sustentável e fazer com que os Kalunga sejam reconhecidos internacionalmente como defensores da conservação da biodiversidade.
Por Luana Luizy
Assessora de Comunicação
Instituto Internacional de Educação do Brasil